Cenário
transformador, cenário de esperança!
Por
Artur E. Monteiro de Barros- Presidente da Casa de Ensaio
O mundo gira, em movimentos coletivos. Cenários se
reconstroem com uma velocidade eletrizante, ajudados por redes virtuais. Na
Bahia, o CRIA apresenta em Salvador, um Festival de Arte-Educação e coloca em
cena, alguns movimentos coletivos em
comunidades.
A dinâmica é itinerante.
O Festival percorre cinema,
teatros, rodas de conversar em espaços abertos e até em espaços tradicionais da
cidade, como a Faculdade de Medicina. O
mundo está ali. Os mestres foram convocados e estão presentes; o teatro e a
poesia também. Através da palavra, da
dança, de sons e alegria; crianças e adolescentes explodem em reivindicações
por mudanças.
O tom é de “Fala negão, abra a boca negão!”. Com a
palavra assegurada, grupos de teatros que representam comunidades falam de
questões pertinentes ao seu cotidiano e na oportunidade acabam por interagir
uns com outros, construindo novos cenários.
Jovens vindos do Pará avisam que vem contar suas
histórias, em terra alheia. Ritmos indígenas oriundo da Amazônia se encontram
com tambores dos negros da velha Bahia, em processo de aprendizagem em oficina
de teatro e vira espetáculo. O Brasil pulsa.
A poesia e o teatro também. Tincoã pássaro anunciador de mudanças da
região do Tapajós é o condutor da história contada pelos jovens daquela região
e anuncia que apesar das chuvas, bons tempos virão. Com certeza, tempos de
transformação.
Parabéns CRIA. Obrigado pela oportunidade.
Cria
recria a cidade e cria cenários de cidadania...
Por Laís
Dória- Casa de Ensaio
Foi com
muita alegria que recebi o convite de Maria Eugênia para participar da Roda de
Conversa, no II Seminário de Arte educação, e logo me convidei para assistir o
II Festival de Arte educação. Hum, que
deleite....Borbulhei de grandes emoções, cores, abraços, sorrisos, esperanças
e muitos sonhos. Conheci e reencontrei pessoas queridas que afagaram o meu
coração. A cada peça que assistia , uma emoção nova sentia. Ver os “netos” do Cria
dirigindo: Evaldo, Yuri, Ronald, mãe e filho juntos e tantos outros, foi um
sabor especial, cocada doce com acarajé...Eles são privilegiados , porque
essa arte é só para os iluminados. Aqueles que querem dar luz para
o nosso mundo ficar mais bonito.
Ouvi e
conheci muitas vozes, acalantada também pelas “Vozes do Engenho”, que
deslizavam cantando no palco. Então me perguntei, por onde andava o meu
menino folha? Humm, por um momento voltei a ouvir a minha pedra
cantar novamente.
E os meninos
do Pará, ai ai ai.. esses meninos do Pará... conseguiram disparar meu coração.
E, com Eugênia e Nadja, construímos a magia do tincoã. Ventos bons
assopram em nossos corações! Obrigada , Roger e Juliana.Voltar ao quintal para
fazer teatro foi magia pura, pois foi lá que comecei a fazer o meu.. salve
Grupo do Beco, nas lajes da vida. Obrigada Nil... Encontros só do bem
querer!!!
Ouvir
e buscar nossas poesias que estão adormecida, é poder novamente se
despertar pra vida...viva o cria poesias.. Poder conversar com Eugênia,
Sônia, Beth, Karen, Mila,
e os nossos mestres Lydia e Ilo, é me alimentar por muitos séculos. Ouvir
jovens se questionando, se emocionando, e agradecendo é mais que um
doce, são todos os doces.. e porque não jovens subir em mesa com
doçura e alegria, coisa de palhaço, coisa de gente boa...
Ai então
,percebi que o cria cresceu de verdade...que o cria já germinou...que o cria já
esta cumprindo seu papel. Senti também que cheguei na
festa da passagem, no rito de passagem onde uns passam e outros
passarinho.. A mainha eugenia já virou avó e agora vai poder ficar tomando
sorvete so com seus netos. Alimenta-los com outros sabores e novas
formas mas com total liberdade de ser e de criar. Porque um artista não para,
ele segue criando e inventado coisas novas...
Obrigada
meus queridos, obrigada Eugenia(minha irma amada), Carla (com c do meu coraçao)
, Beth( mae de todos os gemeos), Nadja( bahia de são salvador), Cássio,Tássia, Daniel, Reni e todos do Cria que se fizeram presente o tempo todo ,pois só
distribuíram afeto e harmonia. Obrigada
Telma, Maria e Joel que nos acolheram ..OBRIGADA, Salvador que juntos vamos
ajudar a salvar a dor desse mundo. Obrigada Cria,Vida eterna! Obrigada meu
Brasil que me faz Ser- tão brasileira, porque agora volto para minha terra
levando a textura, a cor, o sabor e esse cheiro irresistível desse nosso e de
todos os dendês do nosso Brasil. AXÉ irmão....
"Caleidoscópio de mestres"
Meus
parabéns querida Maria Eugênia e demais parceiros, por mim conhecidos e
desconhecidos, que estão neste barco em pontos, portos e
laços iniciais que se espalham e se transformam na casa do tempo.
A Grande
Escola é uma só e está sempre aberta, mudando em seus mil alvéolos. Nós
juntos, pelo olhar dos outros, é que podemos aprender a ver com nossos
próprios olhos. O evento me mostrou este caleidoscópio de
mestres, como portas desta Grande Escola.
Meu muito
obrigada, minha admiração profunda, meu amor incondicional, aos que por amor,
respeito e vocação trabalham na arte da educação em
qualquer ponto deste imenso país.
Minha
gente Amiga trançadora de sonhos que são Realidade!
Por Maria Eugênia Milet- coordenadora geral do CRIA, professora da Escola de Teatro da Ufba
Encerramos
o II Festival de Arte-Educação do CRIA revelando e vivenciando os
cenários de cidadania no Centro Antigo aqui em Salvador, em rodas e rodas
girantes de diálogo e cantigas, com muita arte e Bem-Querer. A Rede foi trazida
por Iaracira, gestora da Rede, no seminário sobre arte-educação, com muita
propriedade e inteireza. Arnaldo pode estar conosco numa das tardes de
apresentações no Solar Boa Vista e vibramos na Barca Ijexá...
Os grupos
de teatro comunitário de Salvador fizeram bonito nas apresentações nas praças
do Pelourinho, mostrando como são vozes livres e conscientes que ligam os
pontos da Rede, despertando sensibilidades onde chegam. Evaldo Macarrão, com
seu "Axé!" de Iyá de Erê falou sobre teatro e comunidade, sobre a função
do arte-educador e os desafios que tudo isso implica na comunidade ...E também
Ronald, Eugênio, Danúbia, Antônia, Uiara lá nas rodas de conversa nas
praças...E com eles à frente, ouvimos dos públicos presentes depoimentos
bonitos desta nova cidadania que se expande com arte! Ação já, Beleza sempre!
Os grupos
do CRIA irradiaram alegria com nossa arte que sempre pretendeu trazer o
sentido de pertencimento a este nosso Ser-tão Brasil. Gente do oeste do Pará,
nos fizeram pensar com aquele que diz não, aquele que diz sim, e assim nos
ensinaram a nadar nas águas do rio Tapajós cercado de florestas e encantados. E
o tincõa cantou alegre, pois estivemos juntos rompendo as distâncias. Com estes
meninos e meninas artistas, cantamos: "embarca morena embarca, molha o pé,
mas não molha a meia"...E foi possível esta proeza.
Nadja
como a Bahia, a cidade de São Salvador nos ajudou a entrar no barco e cruzamos
o rio, chegamos ao mar. Com minha irmã atriz Laís, e mais uma vez com Tobias,
cruzei fronteiras e o tambor marcou o tempo deste nosso caminhar. O coração batia
forte: tum, tum, tererê... O povo do grupo do Beco de favela de Belo Horizonte
nos convidou a estar com eles no mutirão da laje...E, de lá, nos vimos mais
juntos ainda o mundo que se cria com gratidão e confiança, tijolo por tijolo,
na construção de tantas possibilidades ...
De lá
vimos Carla costurando, sempre com cuidado, cada ponto da nossa história. Com
Tássia, Jed, Leila, Reni, Lúcia, Pati e Beth...e mais muitas meninas
lindas, tecelãs. E os meninos também aplicados no fazer de cada dia, no
sobe e desce no abre e fecha de portões, portas e corações, na produção!!!! Ilo
Krugli e Lydia juntos na sobra da árvore celebraram uma vida
"conversável" - nossos mestres sempre crianças de olhinhos brilhando
chamaram Brecht e Agostinho. Eles viram tudo de cima (provavelmente comendo
aquela goiaba que o Menino lhes deu), também sorrindo!
E Aninha,
Dona Maria, Seu Roque Bravo, Manoel Grande, Carmosina, Detinha e Seu
Gervácio, Zeca e Dija, nas imagens dos vídeos e na memória, imanando a
sabedoria da Terra e respeito aos mais jovens que levam seu canto adiante. Mila
com seu sorriso estonteante revela o sonho que sonhamos juntos há 18 anos. Mila
é um presente. Ah, e Nil de Minas, Laís Dória e Artur da Casa de Ensaio de
Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Juliana que também passou pelo Vento
Forte, com Roger que estão no Tapajós, Karen Accioly do Rio de Janeiro e Sônia
Rangel da Escola de Teatro, minha colega e professora e Beth Rangel amiga
de tantas aventuras e lutas...Estes amigos falaram de
suas experiências poéticas e re-existências, e assim ligaram mais o
fio do ensinar-aprender.
Os
palhaços fizeram uma in-conferência e varreram o sono de manhã. E no final, na
roda brincamos no Terreiro de Jesus, despertos com o Olodum tocando, como
iniciamos ... agora com o céu mais perto. Em tudo, no som, nos gestos, em cada
dia, sentimos cada um de vocês bem juntinho.Enquanto isso tudo acontece, em
cada ponto desta nossa história de amor, a rede se tece.