terça-feira, 17 de agosto de 2010

Arte que emociona, arte que mobiliza


A noite de 16/08/2010 foi dedicada às discussões sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes, principalmente o tráfico de pessoas. O Grupo Iyá de Erê, com o espetáculo "Quem me ensinou a nadar?" impressionou a platéia com a forma doce e ao mesmo tempo precisa de abordagem de um tema tão árduo.


Os jovens do Iyá, como são identificados no dia-a-dia do CRIA, dirigidos pela arte-educadora Carla Lopes, escolheram mostrar como podem e devem ser fortes as mulheres para dar um basta a essa situação.

E como a consciência do caminho percorrido pela gente que, ao habitar essas terras, torna-se a gente brasileira, pode ajudar a entender o rumo dessa história... “Quando temos dúvida de pra onde ir, basta olhar pra trás e ver de onde a gente veio”.


Os personagens são moradores antigos do Pelourinho, que a partir dos desafios do dia-a-dia para cuidar e educar suas crianças, trazem importantes ensinamentos e denúncias das diversas situações de violência a que estão expostos.

Um ponto alto da apresentação são os alertas para as “armadilhas” de exploradores que com promessas de trabalho, de sucesso e de vida melhor fora do Brasil, submetem muitas e muitos jovens.

No debate, após o espetáculo, familiares dos jovens, artistas, educadores, estudantes conversaram com o elenco e com a equipe do CRIA sobre os temas trazidos, sobre a montagem do espetáculo.

Trouxeram também seus alertas para os jovens: “Eu tinha o sonho de sair daqui. Esperei me formar e fui embora. Vivi muitos anos fora do Brasil, esperava que tudo fosse perfeito. Mas cheguei lá e me deparei com pessoas, como a gente, que já conquistaram algumas coisas que ainda precisamos conquistar, mas que também têm muitos problemas. Aprendi que o Brasil tem muitas riquezas, muita beleza. Voltei para ajudar a cuidar do que é nosso”, diz Alessandra Bonelli, arquiteta, 38 anos.

A coordenadora da área de saúde do CRIA, Irene Piñeiro, encerrou o debate lembrando que o tráfico é algo que existe, precisa ser denunciado.